quarta-feira, 16 de abril de 2014

Surdocegueira e DMU. Uma abordagem diferencial.

No estudo das Deficiências Múltiplas – DMU; surge uma inquietação ou mesmo uma duvida capaz de confundir o aprendiz, interlocutor do conhecimento. A conclusão de que a ocorrência de surdocegueira não configura um quadro de DMU, de fato gera certa contrariedade, visto que audição e visão são órgãos sensoriais diferentes e independentes.
A deficiência múltipla DMU é caracterizada quando o indivíduo apresenta duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. “Considera-se uma pessoa com deficiência múltipla sensorial aquela que apresenta deficiência visual ou auditiva, associada a outras condições de comportamento e comprometimentos, sejam elas na área física, intelectual ou emocional, e dificuldades de aprendizagem.” (MEC/SEESP/2006).
As pessoas com surdocegueira não se enquadram como integrante do grupo de acometidos de Deficiências múltiplas, visto que, quando elas têm oportunidades interagem com o meio e com as pessoas adequadamente, a ocorrência de  surdo cegueira configura duas deficiências de ordem sensorial, por esse motivo não se caracteriza como deficiência múltipla.
Tanto a deficiência múltipla DMU, quanto a surdocegueira, geram  nos indivíduos acometidos, comportamento de dependência de outras pessoas para lhes dar o suporte necessário em seu cotidiano para que tenham acesso ao mínimo de qualidade de vida, a partir do atendimento as suas necessidades básicas, principalmente no tocante ao atendimento educacional e nas questões de saúde.
A mais frequente causa da deficiência múltipla é a Paralisia Cerebral, que compromete a postura e a mobilidade. Os movimentos voluntários são limitados em termos qualitativos e quantitativos.
A DMU impõe ao aluno (individuo) limitações diversas que acabam por desenvolver um quadro clinico negativo agravado por Saúde mais frágil com pouca resistência física, problemas com deglutição e mastigação, Controle respiratório e pulmonar, convulsões e outros.
Contudo a deficiência múltipla DMU e a surdocegueira não impede o aluno de interagir com o meio e com o outro, desenvolver relações sociais e afetivas através de uma relação de confiança, minimizando as limitações de acesso aos ambientes, a dificuldades de responder a estímulos relevantes, interpretar informação.
Para as pessoas com DMU e Surdocegueira a aquisição da comunicação, tem que considerar todas as potencialidades diagnosticadas e ao mesmo tempo é necessário organizar o mundo da pessoa por meio do estabelecimento de rotinas claras e uma comunicação adequada. Faz-se necessário desenvolver atividades de maneira multisensorial para garantir aproveitamento de todos os sentidos e que sejam atividades que proporcionem uma aprendizagem significativa com oportunidades de generalizar para outros ambientes e pessoas.
A pessoa com deficiência múltipla necessita de um ambiente reativo, isto é, que responda a suas iniciativas. Seu tempo de resposta deve ser respeitado e a habilidades de fazer escolhas deve estar dentro de suas atividades programadas.


Rita de Cássia Sales Soares.