A PROPOSTA BILÍNGUE PARA PESSOA COM
SURDEZ.
No
Brasil tem avançado muito a construção da proposta de Educação Inclusiva nas
mais diversas modalidades de deficiências que acometem a nossa população, nas
mais variadas fases da vida, muito embora a freqüência escolar não esteja
vinculada a idade, é na infância e adolescência que se convenciona freqüentar a
escola. A especificidade do atendimento inclusivo fez surgir vinculado ao
processo educacional formal o AEE – Atendimento Educacional Especializado.
No
AEE a educação de crianças surdas é referenciada na modalidade de atendimento
que conjuga o AEE em LIBRAS, o AEE de LIBRAS e o AEE para o ensino da Língua
Portuguesa, no intuito de desenvolver o aluno em diferentes direções do conhecimento,
sendo importante verificar a forma de trabalho para cada modalidade apresentada,
A criança surda numa sociedade de ouvintes é estimulada a desenvolver seus
resíduos auditivos, e encorajada a usar a fala para se comunicar, considerando
que a língua usual é a verbal.
Segundo
FERNANDES - (1990). “O significado social da surdez está ligado à ausência da
linguagem comum à maioria, mas não se pode negar características próprias a
comunidade surda sob o risco de negar recursos de integração”.
Nessa
perspectiva, temos a nível mundial uma população surda que apesar de numerosa
não integra formalmente a sociedade cultural.
“O ‘planeta dos surdos’
compreende 130.000.000 de indivíduos em todo mundo. Um contingente silencioso,
invisível, que nós ignoramos. Por medo, por desconforto, por conhecimento
profundo... O estudo deste mundo proporciona uma reflexão apaixonante sobre os
comportamentos, as religiões, as artes, as linguagens. A sua língua gestual é
um tesouro da humanidade. Em nossa sociedade. Em nossa sociedade de
comunicação, os ouvintes têm tudo a aprender daqueles que falam com seus
corpos.” (Jean Grémion).
No
Brasil o bilinguismo para o surdo, conjuga a língua de sinais da comunidade
surda, ou seja, a Língua Brasileira de Sinais-LIBRAS e a língua oral da
comunidade ouvinte a Língua portuguesa. A Proposta Bilíngue não privilegia um
língua, mas quer dar direito e condições ao individuo surdo de poder utilizar
duas línguas; portanto, não se trata de negação, mas de respeito.
Dentro
da realidade educacional do Brasil a implantação de um programa bilíngue para
indivíduos surdos tendo a língua de sinais como primeira língua e a língua oral
como segunda língua, não é simples. A abordagem bilíngue pretende que ambas as
línguas a gestual (LIBRAS) e a oral (Português), sejam dominadas pela pessoa
com surdez. Porém, o domínio da função da língua escrita é fundamental, já que para
o surdo a Língua Portuguesa se expressa
através da escrita.
A
política educacional implementada através da escola Inclusiva trabalha numa
perspectiva de concretização do bilínguismo, onde as pessoas com surdez possam
ser vistas como indivíduos diferentes e não deficientes. A inexistência de uma
língua verbal substituída pela língua de sinais comprova a capacidade de
aprendizado e nega qualquer limitação que lhes sejam atribuídas.